terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Acabaram as Amêndoas de Portalegre ?


POR RECEIO DA ASAE





As tradicionais e conhecidas amêndoas de Portalegre, fabricadas por Joaquina Mendes e José Maria Vintém, vão deixar de marcar presença no mercado. E isto porque o casal já deu baixa da actividade, depois de uma visita que a ASAE fez às instalações da fábrica.
Há mais de 40 anos que o casal Joaquina Mendes e José Maria Vintém produziam, por altura da Páscoa, as saborosas e conhecidas amêndoas de Portalegre. Graças às características específicas com que eram fabricadas, por esta altura, centenas de pessoas, "vindas de todo o lado", dirigiam-se à fábrica, localizada na Azinhaga das Caronas, para comprar ou encomendar este doce tradicional. Mas ao contrário do que aconteceu durante cerca de quatro décadas, este ano isso já não vai ser possível. Há cerca de 12 dias, o casal Joaquina Mendes e José Maria Vintém recebeu na sua fábrica a visita da ASAE, uma visita que acabou por fazer com que os proprietários tomassem a decisão de encerrar a sua casa e deixar produzir a conhecida amêndoa de Portalegre. Recordando que durante os 40 anos de actividade "tivemos várias fiscalizações, onde nos era dito que estava tudo bem e que a higiene era bastante", Joaquina Mendes conta que, com a visita da ASAE "acabámos por terminar a nossa actividade não por falta de higiene, mas por falta de espaço na empresa para dar-mos seguimento às exigências que eles querem". A proprietária salienta que "eles exigem tudo e mais alguma coisa e dentro do espaço que a gente tem não era possível dar-mos seguimento à actividade".
Bastante abalado com a situação, tal como a esposa, José Maria Vintém confessa que sente "uma grande mágoa por ver que a Páscoa se aproxima e as nossas amêndoas não aparecem nas montras". Desejando que "venham dias melhores", José Maria Vintém lamenta que estas situações aconteçam em Portugal. "Não sabemos como é que estas coisas podem acontecer num país que devia ser europeu e que nos estamos a ver que é uma espécie de país a brincar, pois se dermos um saltinho até à fronteira vemos que aqui se joga com outros meios e as pessoas não têm de cumprir as exigências absurdas que neste momento nos são feitas", afirma.

No dia 25 de Fevereiro, o casal foi até à repartição de Finanças de Portalegre dar baixa da sua actividade. Este foi um momento que muito entristeceu os fabricantes de amêndoa que há 40 anos se dedicavam, com todo o amor e carinho, à sua produção. "A sorte é que temos uma lareira em nossa casa e agora, enquanto o tempo estiver frio, acendemo-la e entretemos ali o tempo. Até aqui tínhamos esta actividade que acho que era uma bandeira da região e, até ao momento, ainda ninguém mexeu uma palha para que as coisas não seguissem por esse caminho", lamenta o proprietário da fábrica da Azinhaga das Caronas. A partir de agora, o casal considera que poderão surgir no mercado "amêndoas com outras características que nada têm a ver com a nossa amêndoa de Portalegre que, pelas suas características, mantém uma tradição centenária, que faz com que venham a Portalegre pessoas de todo o lado à procura das nossas amêndoas".
Após a tomada de decisão de terminarem com a produção da amêndoa de Portalegre, por uma questão de precaução, mas também por receio e medo do que poderia vir a acontecer, o casal confessa que "este é um dos momentos mais tristes da nossa existência". No entanto, consideram que "as pessoas compreendem a nossa tomada de decisão". José Maria Vintém faz questão de declarar que "não estamos contra a actuação da ASAE, porque esta entidade tem instruções superiores". Na sua opinião, "estes problemas surgem de cima". Com o aproximar da Páscoa "acho que teremos que desaparecer daqui 15 dias antes e só aparecer depois, porque são tempos impossíveis de vivenciarmos, porque esta era uma altura em que as pessoas nos batiam à porta todos os dias e a toda a hora", revela José Maria Vintém, acrescentando que, apesar de não saber como poderão encarar esta situação, "ela existe e tem de ser ultrapassada".

Catarina Lopes - Jornal Fonte Nova



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ASAE encerra fábrica de amêndoas de Portalegre - Motivo para o fecho de portas foi a falta de espaço

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) "aconselhou" a centenária fábrica das amêndoas de Portalegre a encerrar as portas, por falta de espaço, disse a proprietária, Joaquina Vintém, à Agência Lusa.
"A ASAE exigiu que a fábrica tivesse mais espaço para poder laborar e nós não temos para já essas condições. Por isso, aconselhou-nos a encerrar", declarou.
A empresa, que trabalhava sazonalmente, já cessou a actividade junto dos serviços de finanças de Portalegre.
As amêndoas de Portalegre, produzidas de forma artesanal, constituem um dos "cartões de visita" da região, sobretudo na época da Páscoa. Todos os anos, pela época do Carnaval, Joaquina Vintém, também conhecida pela confecção de doçaria conventual, começava a trabalhar nas amêndoas pascais, com grande procura na Grande Lisboa e no Grande Porto.
"Ainda solicitei aos agentes da ASAE se poderia fazer, em menor quantidade, umas amêndoas para agradar aos clientes e para que a tradição não se quebrasse, mas a resposta foi negativa", lamentou.
No entanto, a única família da região de Portalegre que fabrica as tradicionais amêndoas promete não baixar os braços e, talvez, segundo Joaquina Vintém, regresse já no próximo ano à laboração.
Um dos filhos de Joaquina Vintém prevê construir, na zona industrial da cidade, uma fábrica para produzir doces conventuais, que poderá integrar a produção das tradicionais amêndoas de Portalegre.
Enquanto as amêndoas de Portalegre não regressam ao mercado, Joaquina Vintém promete guardar o segredo da produção deste doce a "sete chaves".




In Jornal de Noticias

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