sábado, 31 de janeiro de 2009

Impasse no Golf de Marvão - Licitações abaixo do esperado



O imóvel esteve à venda em hasta pública na passada quarta-feira mas os dois milhões de euros mínimos de licitação resultaram em duas propostas que, certamente, não corresponderam às expectativas. Uma falsa proposta, não identificada e constituída por folhas em branco, e a proposta do grupo de Paes do Amaral que ofereceu pelo Golf menos de metade do valor pedido…
No passado dia 28, as atenções estiveram viradas para o Tribunal Judicial de Castelo de Vide. Foi naquele local que, durante a manhã, o futuro do Ammaia Clube de Golf de Marvão, S.A. e do empreendimento turístico Aldeia d’Azenha, esteve em cima da mesa, através da sua venda em hasta pública. No entanto, o futuro do imóvel, que está em processo de insolvência e em situação de abandono, continua incerto, uma vez que ainda não foi desta que foi comprado.
No Tribunal Judicial de Castelo de Vide, na quarta-feira, além de uma falsa proposta não identificada, que obviamente é nula, foi apresentada uma oferta pelo The Edge Group, cujos 50% são detidos pelo empresário Miguel Paes do Amaral. Apesar de não nos ter sido revelado o valor oferecido pelo grupo interessado, sabe-se que o mesmo foi inferior ao mínimo exigido. Aliás, segundo noticia a Agência Lusa, que refere fontes judiciais, a oferta terá rondado os 750 mil euros.

Em representação do The Edge Group, esteve o administrador José Luís Pinto Basto. No final da hasta pública, o responsável falou aos jornalistas, lembrando, em primeiro lugar, que "este negócio sempre nos interessou tendo as duas componentes integradas e em funcionamento em simultâneo, não acreditamos na viabilidade do Golf sem o empreendimento turístico e não acreditamos na viabilidade do empreendimento turístico sem o Golf". Tal como o responsável fez questão de sublinhar, "este processo já vem de há quase dois anos, temos mantido essa posição e temos tentado fazer este negócio, entendendo todas as complicações que estão envolvidas e que vêm de trás, desde um processo de falência a dívidas e hipotecas…", salientou Pinto Basto.

O The Edge Group tem tentado, junto das partes envolvidas, "encontrar soluções justas e práticas. Por isso aqui estamos, mais uma vez, nesta hasta mostrando o nosso interesse em adquirir o campo de golf pelo seu valor justo e não pelo valor que estava em cima da mesa", esclareceu o administrador. O responsável acrescentou ainda que "apresentámos a nossa proposta pelo valor que consideramos que é o valor actual que estes imóveis têm, no estado em que actualmente se encontram, e portanto caberá agora à comissão de credores aceitar ou não as condições que vierem a ser propostas".

Na realidade, e como nos foi confirmado pelo administrador Pinto Basto, "uma vez que não apresentava o valor de licitação pedido, a nossa proposta não foi aceite". Agora, e no entender do grupo interessado, "a comissão de credores deverá reunir e continuar uma conversa particular connosco, com base nesta proposta, e tentaremos chegar a um entendimento justo e equilibrado, com interesse para ambas as partes".

"Queremos recuperar o Golf, terminar o empreendimento turístico e avançar com o hotel"

Quanto ao projecto que o The Edge Group perspectiva para o Golf de Marvão, os objectivos são claros. Segundo avançou Pinto Basto, "logo que consigamos adquirir o campo de golf e o empreendimento, a nossa ideia é iniciar imediatamente as obras de recuperação do golf e dar seguimento à obra do empreendimento". Mas os propósitos não se ficam por aqui, pois há ainda a pretensão de "fazer algumas alterações ao projecto, nomeadamente melhorar o seu enquadramento paisagístico, pois acreditamos que este projecto tem um grande potencial e, portanto, deverá ser desenvolvido em total harmonia com o Parque Natural onde se integra", aclarou o administrador do grupo. Pinto Basto frisou ainda que "existem algumas questões para resolver que estão relacionadas com a carta síntese do Parque Natural que permitirão no futuro desenvolver um hotel", outro empreendimento que aliás estava previsto desde início e pensamos que será também uma valência essencial para a viabilidade de todo este conjunto turístico", explicou o responsável. Quanto à capacidade que o hotel terá, o administrador do grupo interessado adiantou que "os estudos feitos por algumas consultoras especializadas em turismo indicam a viabilidade para um hotel que tenha entre 80 e 100 quartos, temos até já um estudo prévio que apresentámos atempadamente ao ICNB e que apresenta um hotel totalmente integrado na própria topografia do terreno". Relativamente a prazos, Pinto Basto foi peremptório ao afirmar que "a partir do momento em que tenhamos um entendimento com as autoridades que deverão licenciar, um ano e meio e o hotel será construído".

Quanto ao facto de, desde há uns anos, a zona do empreendimento turístico inerente ao Golf de Marvão ser considerada uma zona protegida, o administrador do The Edge Group mostrou-se confiante numa mudança dessa situação. Tal como avançou, "quando a carta síntese foi publicada, a zona onde se encontra o empreendimento foi considerada uma zona de protecção total do tipo 2, quando existiam em vigor licenças de construção, portanto é uma situação que não faz qualquer sentido". De qualquer modo, o administrador do grupo esclareceu que "compreendemos que esse erro tenha sido cometido, com certeza involuntariamente, mas acreditamos que pode e deverá ser corrigido assim que os novos promotores, e espero eu que sejamos nós, também possam apresentar um projecto de qualidade que esta zona sempre mereceu", concluiu.

Vítor Frutuoso, presidente da autarquia de Marvão, não ficou surpreendido com a proposta do The Edge Group, até porque, como disse ao nosso jornal, "tenho estado atento à situação e sabia quem eram os potenciais candidatos à compra do Golf". O edil frisou que "agora tem que haver um espaço para negociações entre as entidades envolvidas para levarem a efeito os procedimentos necessários e espero que esse não seja um processo demorado". Vítor Frutuoso afirmou que "da minha parte, a grande preocupação é essa, pois quanto mais tempo passa, menos valor tem aquilo que ali está". Evocando o "interesse regional", o autarca disse mesmo que "o que era um campo de golfe, já deixou de o ser, e qualquer dia é uma propriedade rústica que vale muito menos que um campo de golfe".

Recorde-se que, inaugurado em 1997, o Golf de Marvão pertenceu à empresa de Carlos Melancia e, já em 2007, foi adquirido pelo Grupo Hoteleiro Fernando Barata que acabaria por abandonar o projecto alguns meses depois devido a incumprimento de prazos de pagamento à Comissão de Insolvência. Actualmente, e desde há uns anos a esta parte, o Ammaia Club de Golf de Marvão é uma sombra daquilo que um dia foi e é habitual avistarem-se dezenas de ovelhas a pastarem naquele que, no ano 2000, chegou a ser considerado o Campo do Ano pela Federação Portuguesa de Golfe.

Textos: Ana Nunes / Jornal Fonte Nova

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